Todos os meses o organismo feminino em idade fértil se prepara para conceber uma nova vida.
O primeiro dia da menstruação é o primeiro dia do ciclo menstrual. A menstruação dura, em média, entre 3 a 5 dias e, assim, o organismo começa a se preparar para liberar um óvulo.
Quando o óvulo é liberado o organismo forma o corpo lúteo e dá início à fase lútea do ciclo. O óvulo liberado vive em torno de 24h no organismo e se encontrar um espermatozoide gera, a partir daí, um feto, que se tornará um bebê.
No entanto, nem todos os meses as mulheres concebem novas vidas. Então, o organismo se encarrega de ‘se desfazer’ da casa onde o possível bebê viveria até vir à luz.
O endométrio – camada de sangue que alimenta o feto até o útero formar a placenta, que por sua vez alimentará o bebê até seu nascimento – se desprende e sai de dentro do corpo em forma de menstruação.
Em geral, a menstruação é meio que um tabu… Somos instruídas (ou éramos na minha época ) a não falar muito sobre isso… e usar absorventes descartáveis.
Menstruamos, em média, 35 anos, contando da primeira menstruação até a menopausa e, durante todo esse tempo, passamos por 420 ciclos aproximadamente. Nesses ciclos todos, usamos, pelo menos, 8.160 absorventes descartáveis, dependendo da duração da menstruação.
Cada mulher em idade fértil usa, em média, 8.160 absorventes descartáveis. Somos metade da população do planeta. Ou seja, metade da população do planeta, mais cedo ou mais tarde, precisará usar absorventes…
Ocorre que nem todas as mulheres têm acesso a absorventes e isso é uma característica da pobreza menstrual que afeta milhões de mulheres ao redor do mundo.
Além da pobreza menstrual, há também a questão dos resíduos gerados: cada mulher com acesso a absorvente gera, em sua vida fértil, cerca de 8.160 absorventes a serem descartados…
Mas, a intenção deste post, na verdade, é falar sobre os absorventes como item básico, visto que as mulheres estão na base da sociedade. Assim, decidi compartilhar a Nova lei que prevê distribuição gratuita de absorventes em escolas e UBS do DF.
E isso é muito bom! Apesar do impacto dos resíduos… Que abordarei no próximo post
Sobre pobreza menstrual, existe um documentário que me marcou muito: Period. End of Sentence, que mostra a vida de mulheres indianas que não têm acesso a absorventes e acabam expostas da pior forma; sendo destituídas de toda sua dignidade e afetando, inclusive, sua subjetividade. Além das questões de saúde, saneamento básico e água limpa.
Recomendo que você assista, caso o assunto te interesse… E caso você menstrue e queira saber quantos absorventes você já usou durante sua vida, utilize a calculadora de absorventes.
A pobreza menstrual é um problema muito sério e triste, uma vez que retira de mulheres e meninas a dignidade de ser e agir em suas próprias vidas, por causa de uma condição biológica essencial à manutenção da vida e da espécie humana.
A pobreza em si já tem muitas faces, desde a fome até a condição de ‘morar‘ na rua (…) entre tantas outras privações… e quando se é mulher, a condição de pobreza vai além, adentrando questões que constitui toda uma subjetividade acerca do ser em si.
Por isso decidi colocar como título deste post ‘menstruar – verbo que não se conjuga para ele’, visto que certas situações só quem é mulher/menina passa…
Empoderar mulheres significa, antes de tudo, garantir dignidade e acesso a serviços, itens de saúde, informações sobre o funcionamento do próprio organismo para que possam exercer sua humanidade atuando em suas próprias vidas de maneira íntegra!
Se você quiser saber mais sobre ciclo menstrual, clique aqui.
obs. não detalhei questões transgênero pois, considerei a reflexão geral acerca da pobreza menstrual o foco do post
Valore ideias e compartilhe com seus amigues!!
*Foi publicado em Maio de 2021 um estudo sobre Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos; o link para tal estudo está no repositório #4.
*Atualização em 22/10/2021
Parabéns pelo texto, para eu que sou pai de menina, vai ser muito útil…
Ah, que ótimo que gostou, Denilson!!! Fico muito feliz de saber que existem papais no mundo como você!! Continue sempre assim 🙂