Para de desperdiçar tempo!

A reflexão desse ano é sobre um conselho que recebi em uma das minhas saídas para caminhar durante o auge da pandemia..

Uma pessoa me parou e perguntou se podia recitar um poema para mim. Eu disse ‘sim’ e no fim do poema ele me deu três conselhos.. o que eu nunca mais esqueci foi:

Não perca tempo porque a vida é breve.

Cada um vai interpretar essa frase de um jeito, de acordo com sua vivência, experiência de vida, seu próprio experienciar de alegrias, tristezas, momentos…

🌸

De qualquer modo, a reflexão é essa. Não acredite em qualquer coisa que te falem sobre sua própria vida. Não se imponha metas como se fossem o objetivo de estar vivo. Não perca tempo porque a vida é um sopro. E quando esse sopro acabar, o que vai restar?

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera
E pede pressa
Eu me recuso, faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é tempo que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber
A vida é tão rara, tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei,
A vida não para

Paciência, por Lenine e Dudu Falcão

Para ouvir, clique aqui.

sem título

de todas as invenções humanas, caminhar pra frente é a mais nitidamente fracassada… a humanidade anda em círculos. como os cachorros correm atrás do próprio rabo…

ladramos para manter nossa visão de mundo.

machucamos a nós mesmos e aos outros porque não sabemos nos respeitar e respeitar os outros…

queremos impor nossas vontades. nossas aspirações. nossos rumos. ignorando que cada um tem as suas próprias vontades…

não caminhamos para lugar algum além da satisfação do eu. eu pequeno que não consegue ver além do próprio umbigo… é assim que em geral a vida se faz. e refaz. o eterno vir a ser que nunca é.

em algum momento o tempo acaba. e quando acabar espero que estejamos prontos…

acredito que um dia encontraremos um lugar ao sol para todos que querem. e os que não querem que não impeçam quem quer de ser o que é.

🍃

deixo uma entrevista do Amartya Sen para reflexão. em 2023 eu volto com novos conteúdos e pautas ambientais. bom fim de ano.

➡️ se você não conseguiu acessar a entrevista online, clique aqui.

a vida, escolhas…

Post de inquietação com cara de reflexão de fim de ano! Talvez, o fim de ano seja simbólico… 🍃

2020 e 2021 foram anos muito intensos pra mim; (particularmente, 2021 foi extremamente frustrante…) e tudo o que é muito intenso e frustrante tende a se tornar desgastante… Então, decidi seguir meu coração… rever minhas prioridades e tentar me achar, em que altura da estrada estou…

No início de 2022 volto com conteúdos inéditos e o primeiro será sobre cidades arborizadas… Vamos à reflexão de hoje…

Fui tutora de um cachorro chamado Dengoso. Ele foi adotado de uma ONG onde eu fui voluntária… na época da adoção, ninguém em casa queria um cachorro, então eu disse que seria ‘lar temporário’.

O lar temporário durou 11 anos; com todas as regalias possíveis… e sim, eu tentei mudar o nome dele. Primeiro eu tentei Legolas, mas ele não atendia… depois tentei Dobby (eu achava que ele parecia um elfo), mas ele também não atendeu…

Ficou Dengoso mesmo. Dengo para os íntimos! 🐩

Eu sentada num muro com roupa preta e a blusa listrada de branco com o Dengo no meu colo olhando para a camera enquanto eu olho para ele. Nós dois estamos sorrindo e é de noite.
Foto de acervo pessoal

Em sua velhice cuidei como sujeito – segundo as palavras de um querido amigo; que é o que ele era. Um sujeito. No uber, a caminho do veterinário, com o corpinho já sem vida (ele morreu no meu colo, em casa), o motorista ficou impressionado com a forma que eu o segurava. Ué, é um ser vivo. Deve ser tratado como um ser vivo.

Relativamente simples… 🍃

O que me impressiona é o descaso com o qual tratamos a vida alheia; seja de animais, pessoas… ‘pessoas de rua’ (aqui cabe dizer, pessoas em SITUAÇÃO de rua), os velhos da família que ninguém tem intenção de cuidar, mas com certeza lamentará a morte…

Não se respeita a vida. Mas, lamenta-se a morte! Enfim. Eu sempre me senti deslocada num mundo que não me cabe.

Quando eu fazia análise, vivia dizendo: ‘e se’… E se a vida fosse de outro jeito, as pessoas, o mundo, eu mesma, minha história.. Uma vez meu terapeuta me disse: “Dani, na vida não existe ‘e se’, a vida é o que é” (…) e a gente lida com o que é.

Foi assim que entendi o mundo da vida do Nietzsche – um dos meus filósofos preferidos… 🤷‍♀️

Assumir as rédeas da própria vida, sem terceirizar responsabilidades e viver no mundo da vida, é difícil. Mas é sempre a melhor escolha. Me fiz, refiz, escolhi e lidei com todas as consequências das minhas escolhas e, claro, das minhas não escolhas.

Viver é isso. Movimento. Ação. Movimentação!!

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Não se impressione com a forma como eu decidi viver. É como eu acredito que vale a pena existir.

Se impressione com a forma como o desamor e o descaso permeiam nossas vidas e a gente aceita como se a vida fosse qualquer coisa que o dinheiro compra.

“Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”

Eu estou cansada, frustrada e me restabelecendo. Decidi me priorizar; priorizar minha vida, descanso e em sequência meus projetos.. Que venha 2022. Com todos os recomeços dos lutos pelos quais passei (passamos), nesses últimos tempos…

Bom fim de ano!

Em que mundo queremos viver?

Quando criança eu imaginava e imaginar era um problema; fui criada para obedecer, vestir rosa e alcançar expectativas nas quais eu não cabia. Cresci e continuo imaginando, e não cabendo em muitas expectativas…

Sempre que o fim do ano chega me faz refletir sobre o ano que está acabando e, invariavelmente, sobre o ano que está chegando. Em geral, prefiro ano novo porque me dá sensação de recomeço e isso me acalma. Eu gosto de pensar na vida como um eterno recomeço…

Bom, o ano de 2020 foi fatídico. Que ano! Acredito que muitos de nós não sairemos os mesmos de 2020. Seja a que nível for. Isso me faz imaginar que mundo queremos. Se é que queremos algo. O que nós estamos construindo?

A pandemia de covid19 deve ter mostrado algumas coisas, para quem estava apto a ver…

Uma delas é que a vida na Terra é uma só. Não é possível estar no Planeta e passar intocado pelas mazelas globais. Talvez esse senso de unidade fosse necessário. Mas, me pergunto se realmente este senso surgiu ou se eu que imagino demais..

Tanto faz! Você pode até dizer que sou uma sonhadora mas, talvez eu não seja a única 😉

Construímos o mundo à nossa imagem e semelhança. Às vezes, olho ao redor e penso, como a gente tolera tanta violência, pessoas com fome, crianças na rua, mentiras por todos os lados. Para onde estamos indo? Existe alguma chegada?

Eu gosto muito do enigma da esfinge de delfos, eu vou te contar aqui rapidinho… decifra-me ou te devoro: o que é o que é, ‘de manhã anda de 4, ao meio dia anda sobre 2 pernas e ao entardecer caminha com 3‘. Quem errasse seria devorado.

Você seria devorado(a)?? Eis a questão.

Para não ficar chato, vou te contar o que é, né?! O próprio homem, no sentido de humanidade. Quando bebê engatinha, depois caminha e na velhice usa bengala. Sugestivo! A interpretação é livre, então vou te falar a minha.

É o famoso ‘conheça a ti mesmo’. Se conheceres, conhecerás os deuses e o universo; senão, tudo o que te falaram que você é vai te devorar.

Imaginando tudo isso e considerando este fatídico ano de 2020, arrisco dizer que a humanidade tem se devorado. É natal e a felicidade é trazida pela coca-cola, pelas compras de final de ano, muitas vezes, divididas em várias parcelas…

Devorando-nos enquanto sociedade, fracassamos no sentido de coletividade. Os valores que regem o mundo são os mesmo que regem as nossas vidas particulares. Por isso eu coloquei na imagem de apresentação a frase ‘nada muda se a gente não mudar’.

Eu sei que o que eu estou dizendo tende a ser individualista demais. Mas, considerando o princípio da psicanálise e de algumas tradições de autoconhecimento, não é possível partir de outro lugar que não seja a gente mesmo. A vida é um enigma a ser vivido, não desvendado.

E no fim a gente vai sendo o que dá para ser. Faço votos de que possamos imaginar e criar a partir de nossa imaginação um mundo melhor, mais solidário, mais voltado para dentro. Como disse Carl Jung: ‘quem olha para fora sonha; quem olha para dentro desperta’.

Que possamos despertar para o que realmente importa na vida: a própria vida; de todos os seres viventes!

Boas Festas!