As várias faces da menstruação! Parte II

Demorou, mas saiu!! Estava sem vontade de escrever para o blog. Até pensei em não renovar o domínio e a hospedagem. Mas, avaliei melhor para não correr o risco de me arrepender, decidi publicar este texto e em seguida dar um tempo, para me procurar em mim 🍃 eu colei grau em abril e agora estou oficialmente formada bacharela; muitos dos assuntos do blog vinham das aulas que eu tinha.. agora, estou meio sem inspiração, embora a sociedade seja uma riquíssima fonte de ideias e inspirações. Apesar disso, não estou no mesmo pique; tô no modo slow motion, stand by, sei lá.. vamos ao assunto de hoje!!

Pobreza menstrual no Brasil

O tema pobreza menstrual já passou por aqui; no entanto, na época, ainda não tinha saído o estudo da UNICEF para o Brasil. Agora, que consegui ler, rendeu esse post.

O estudo realizado considerou para análise a faixa etária de adolescente entre 13 a 19 anos, sendo o ambiente escolar a unidade básica de análise. Porém, há meninas que menstruam antes dos 13 anos e, portanto, não foram incluídas na análise… (toda análise tem suas limitações!)

Segundo o relatório, a pobreza menstrual é um fenômeno complexo que inclui várias dimensões, sendo caracterizado por várias situações, por exemplo:

  • falta de acesso a produtos adequados para o cuidado da higiene menstrual, como absorventes descartáveis, absorventes de tecido reutilizáveis, coletores menstruais descartáveis ou reutilizáveis, calcinhas menstruais, papel higiênico, sabonete, entre outros;
  • questões estruturais como a ausência de banheiros seguros e em bom estado de conservação, saneamento básico, água encanada e esgotamento sanitário, coleta de lixo;
  • falta de informação sobre a saúde menstrual e autoconhecimento sobre o corpo e o ciclo menstrual; entre outros!

Extremamente complexo porque a pobreza em si é complexa. Outro tema que também já rendeu reflexões por aqui.. Como é possível não haver água tratada para uso básico? Ou falta de papel higiênico e pia para lavar as mãos???

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Pasmem, não existe apenas escolas sem essas coisas, existem casas sem essas coisas. Aliás, existem mulheres em condições de rua que não param de menstruar só porque não tem lugar para morar, tomar banho, se alimentar…

No sistema que gira bilhões de dólares no mercado financeiro, a pobreza se reproduz em si. É o pobre que não tem mérito para superar a situação de pobreza. Num mundo de tantas oportunidades, basta querer. Dizem!

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Visando essa situação, o governo brasileiro lançou um programa de distribuição gratuita de absorvente pelo SUS com foco na população que está abaixo da linha da pobreza.

Bom, acho que a reflexão de hoje é essa! Daqui pra frente entro num hiato. Espero ressignificar o blog para ele permanecer valorando ideias por mais tempo!! (ou talvez, eu precise me ressignificar). Até mais!

Menstruar – verbo que não se conjuga para ele

Todos os meses o organismo feminino em idade fértil se prepara para conceber uma nova vida.

O primeiro dia da menstruação é o primeiro dia do ciclo menstrual. A menstruação dura, em média, entre 3 a 5 dias e, assim, o organismo começa a se preparar para liberar um óvulo.

Quando o óvulo é liberado o organismo forma o corpo lúteo e dá início à fase lútea do ciclo. O óvulo liberado vive em torno de 24h no organismo e se encontrar um espermatozoide gera, a partir daí, um feto, que se tornará um bebê.

No entanto, nem todos os meses as mulheres concebem novas vidas. Então, o organismo se encarrega de ‘se desfazer’ da casa onde o possível bebê viveria até vir à luz.

O endométrio – camada de sangue que alimenta o feto até o útero formar a placenta, que por sua vez alimentará o bebê até seu nascimento – se desprende e sai de dentro do corpo em forma de menstruação.

Em geral, a menstruação é meio que um tabu… Somos instruídas (ou éramos na minha época 😂) a não falar muito sobre isso… e usar absorventes descartáveis.

Menstruamos, em média, 35 anos, contando da primeira menstruação até a menopausa e, durante todo esse tempo, passamos por 420 ciclos aproximadamente. Nesses ciclos todos, usamos, pelo menos, 8.160 absorventes descartáveis, dependendo da duração da menstruação.

Cada mulher em idade fértil usa, em média, 8.160 absorventes descartáveis. Somos metade da população do planeta. Ou seja, metade da população do planeta, mais cedo ou mais tarde, precisará usar absorventes…

Ocorre que nem todas as mulheres têm acesso a absorventes e isso é uma característica da pobreza menstrual que afeta milhões de mulheres ao redor do mundo.

Além da pobreza menstrual, há também a questão dos resíduos gerados: cada mulher com acesso a absorvente gera, em sua vida fértil, cerca de 8.160 absorventes a serem descartados…

Mas, a intenção deste post, na verdade, é falar sobre os absorventes como item básico, visto que as mulheres estão na base da sociedade. Assim, decidi compartilhar a Nova lei que prevê distribuição gratuita de absorventes em escolas e UBS do DF.

E isso é muito bom! Apesar do impacto dos resíduos… Que abordarei no próximo post 🙂

Sobre pobreza menstrual, existe um documentário que me marcou muito: Period. End of Sentence, que mostra a vida de mulheres indianas que não têm acesso a absorventes e acabam expostas da pior forma; sendo destituídas de toda sua dignidade e afetando, inclusive, sua subjetividade. Além das questões de saúde, saneamento básico e água limpa.

Recomendo que você assista, caso o assunto te interesse… E caso você menstrue e queira saber quantos absorventes você já usou durante sua vida, utilize a calculadora de absorventes.

A pobreza menstrual é um problema muito sério e triste, uma vez que retira de mulheres e meninas a dignidade de ser e agir em suas próprias vidas, por causa de uma condição biológica essencial à manutenção da vida e da espécie humana.

A pobreza em si já tem muitas faces, desde a fome até a condição de ‘morar‘ na rua (…) entre tantas outras privações… e quando se é mulher, a condição de pobreza vai além, adentrando questões que constitui toda uma subjetividade acerca do ser em si.

Por isso decidi colocar como título deste post ‘menstruar – verbo que não se conjuga para ele’, visto que certas situações só quem é mulher/menina passa…

Empoderar mulheres significa, antes de tudo, garantir dignidade e acesso a serviços, itens de saúde, informações sobre o funcionamento do próprio organismo para que possam exercer sua humanidade atuando em suas próprias vidas de maneira íntegra!

Se você quiser saber mais sobre ciclo menstrual, clique aqui.

obs. não detalhei questões transgênero pois, considerei a reflexão geral acerca da pobreza menstrual o foco do post 🙂

Valore ideias e compartilhe com seus amigues!! 💚

*Foi publicado em Maio de 2021 um estudo sobre Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos; o link para tal estudo está no repositório #4.

*Atualização em 22/10/2021