o blog nasceu do ócio. 2020 foi um ano atípico. estava na UFABC e as aulas foram suspensas em março por causa de um vírus, e ninguém sabia direito do que se tratava.. fomos ficando em casa e eu, que sou inquieta por natureza, arrumei o que fazer: um blog.
foi uma válvula de escape. uma atividade em meio ao caos. caos interno e externo. eu não escolheria a família que eu nasci. mas a gente não escolhe. só lida.
tive bons avós. meus amores. minha verdadeira família. meu avô beijava meus olhos e me dizia: “seja uma moça bonita e inteligente”. quando ele morreu uma parte de mim foi com ele. fiquei com minha avó. uma mulher que eu amo, mas não admiro. ainda assim, ela é a minha família. meu porto. e agora, com 94 anos, ela começou a sentir “umas coisas que eu não sentia, Daniela”. o fim chega para todo mundo;

Meus avós. Meus amores.
isso é a vida. uma caminhada rumo a lugar nenhum. não corra. não seja só mais um babaca. viva o que faz sentido para você. independente do que as pessoas acham. elas sabem o seu nome, não a sua história.
esse texto veio à luz porque em um momento, um querido conhecido me disse: “esquece o que você queria, o projeto é tudo o que você tem”. ele não sabe, mas essa frase veio de uma outra forma para mim.
esquece o que você queria é muito mais amplo do que um projeto de pesquisa.
eu achava que na academia eu lidaria com pessoas de boas, como meus primeiros orientadores são, ainda hoje, uns amores. só que não! em 2021 já conheci o que de pior poderia conhecer. pessoas que não tem o mínimo de respeito por outras pessoas com título de doutora igual elas. muito menos por mim, que nada sou…
o preço por voltar a estudar com 30 anos foi alto. as pessoas não gostam de mulheres donas de si. elas tentam humilhar, tirar o mérito, tratar como insolente.
mas, na verdade, acabam só falando de si. eu não costumo levar as coisas para o pessoal. ao contrário, eu observo e deixo o tempo passar. não existe verdade que resista ao passar do tempo. tudo cai por terra. toda máscara, toda intenção. isso é a vida.
…e ela tem seus próprios caminhos, seus próprios rumos. seus altos e baixos. nada, absolutamente nada, do que eu imaginei para mim aconteceu. fui lidando com circunstâncias inesperadas e absurdas. existem pessoas que se acham, realmente, influentes a ponto de decidir o futuro dos outros.
mas, se teve uma coisa que meus pais me ensinaram foi a não me render. posso cair, mas eu caio lutando. depois eu levanto e continuo. aprendi a sentir a minha dor e na terapia eu entendi que da minha fragilidade viria a minha força; eu não tenho medo de ser insignificante. nem de ficar no lugar que me colocam. seja ele qual for.
afinal, as pessoas sabem o meu nome, não a minha história. e sim, tenho queridos amigos, que me conhecem, que sabem quem é a Daniela. amigos queridos, sem eles eu não seria possível 💌
a roda da vida continua girando. o tempo passando. e a gente se realizando. aos poucos, devagar. mas sem parar. porque o tempo não para.