Principais ameaças aos polinizadores e à polinização

Eiiiita que demorou mas saiu… confesso, além de priorizar tarefas e prazos, prezo também pelo ócio 🦥 aliás, o ócio é um tema a ser valorado nessa correria do dia a dia, não é mesmo?? penso que seja o princípio da saúde mental… mas, vamos à reflexão de hoje…

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Este texto é a continuação do post anterior, no qual propus uma reflexão acerca da importância da polinização. Agora, minha intenção é abordar as principais ameaças aos polinizadores e, em consequência, à polinização, base da biodiversidade, conforme exposto anteriormente…

De acordo com o relatório base deste post, os fatores que podem representar ameaças ao polinizadores e à polinização são múltiplos, destacando-se os fatores ambientais e biológicos:

AmbientaisMudanças no uso da terra, agricultura intensiva e de larga escala, uso indiscriminado de agrotóxicos, poluição ambiental e mudanças climáticas globais.
BiológicosEspécies invasoras, efeitos indiretos do uso de organismos geneticamente modificados, pragas e patógenos, e, ainda, a interação entre eles.
Fonte: Relatório BPBES

Esses aspectos descritos são uma generalização das ameaças recorrentes aos polinizadores e à polinização, sendo as mais mais significativas relacionadas à fragmentação e perda de habitat, além do uso de agrotóxicos.

Infelizmente, desde a revolução verde, o uso de agrotóxicos é amplamente aceito e indiscriminado; fazendo com que tal prática seja normatizada e aprovada socialmente, como se fosse inofensiva… assim, o tema agrotóxico acaba sendo abordado de maneira muito superficial, como se não fosse de interesse público e, mais, relacionado à saúde pública além de ser um assunto que esbarra em interesses políticos super consolidados…

Uma loucura!!! 🤯 mas vamos pra frente…

Na pesquisa que fiz para este post e o anterior, encontrei um artigo super interessante que fala sobre como os campos eletromagnéticos de frequência extremamente baixa podem afetar a orientação cognitiva e motora das abelhas, fazendo com que elas percam sua habilidade de aprendizagem olfativa, o que prejudica seu senso de orientação geográfica em busca de alimento, além de impactar na comunicação com a colônia e até a polinização de plantações…

Eu não sei como isso soa para você, mas para mim é muito louco saber que a influência antropogênica contribui diretamente para esses impactos todos… acho interessante pensar em como o nosso modo de vida contemporâneo se tornou tão nocivo à Vida na Terra 🤔 parece até incompatível em certa medida…

O problema é tão sério, e desconhecido por nós leigos, que existem até iniciativas que visam ações e políticas destinadas à conservação dos polinizadores, propondo, inclusive, a implementação da Política Nacional de Uso e Conservação da Polinização e dos Polinizadores no âmbito da Política Nacional de Meio Ambiente.

É claro que no âmbito político o consenso acerca de um problema é bem diferente do consenso acerca de um problema ecológico… mas, esse imbróglio fica para outro dia e outro post…

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Acaba sendo urgente que se pense uma agricultura mais sustentável, alinhada aos princípios agroecológicos com métodos alternativos no controle e manejo de pragas, recuperação das áreas naturais e, claro, cidades mais verdes e acolhedoras 😍 enfim. A teia da vida é complexa demais para caber numa única reflexão de blog. hahaha

Já me encaminhando para o fim, informo que o próximo texto será sobre Unidades de Conservação da Natureza e escreverei sobre uma visita de campo que fiz em Intervales… Se você quiser saber como sistemas agroflorestais biodiversos conservam polinizadores, click aqui.

Por ora, quero finalizar este texto dizendo que quanto mais eu estudo, mais me convenço de que estamos muuuuito longe das leis que regem a Vida na Terra.

A humanidade é parte de um todo muito maior e muito mais complexo que, por vezes, desconhecemos quase que por completo… por hoje é isso!! Tchau! 💚

(Bio)Diversidade

Estamos em um Planeta que é diverso. Existem diversas línguas, diversos sabores, múltiplas formas de ser e de agir. Há uma infinidade de culturas e hábitos os quais formam as sociedades e as civilizações. Portanto, ser diverso é uma qualidade inerente à vida.

A biodiversidade diz respeito à diversidade biológica dos seres vivos. É o que permite que existam organismos que vivam em lugares extremamente gelados, outros em lugares extremamente quentes, em desertos e tantos outros habitats. Foi a biodiversidade que deu base para a adaptação dos seres vivos às mudanças do meio ambiente ao longo da história do planeta.

Em oposição à diversidade, existem a uniformidade e a homogeneidade, visto que a partir do momento em que se uniformiza, perde-se as características próprias e particulares. Para a ativista Vandana Shiva a humanidade tem cultivado um modo de pensar que restringe a diversidade da vida.

Assim, falarei um pouco sobre o livro Monocultura da Mente, da autora em questão, e sobre como essa padronização das culturas de alimentos tem influência direta do modo de pensar moderno e contemporâneo.

Para a autora, o processo de monocultura é fruto de uma mentalidade dominada pela visão unidimensional do sistema em vigor, que tende a estabelecer o ‘correto’ suprimindo outras formas de entendimento local; visto que os sistemas nativos de cultivo se baseiam exclusivamente nos insumos orgânicos internos, ou seja, as sementes vêm da natureza, assim como a fertilidade do solo e o controle das pragas são feitos com a mistura de safras e não com venenos.

Na Revolução Verde – meados do século XX – as safras foram intimamente ligadas à compra de ‘insumos agrícolas’, como sementes transgênicas, fertilizantes, químicos, pesticidas, petróleo, irrigação intensiva e acurada, dando origem às monoculturas e essa forma de cultivo é dominante até hoje.

A padronização biológica, base das monoculturas, empobrece o solo, uma vez que as sementes são geneticamente idênticas (transgênicas) e dependentes dos químicos que são vendidos juntos com elas.

Imagine, se um agricultor guarda e utiliza sementes na safra seguinte, ele está infringindo a lei de patentes, porque a semente geneticamente modificada pertence ao laboratório que a modificou; que, por vezes, é o mesmo laboratório que produz os venenos e os remédios no geral.

Enquanto as sementes crioulas, as sementes naturais, não são bem vistas porque, segundo o modo de produção em vigência, não produzem a ‘quantidade suficiente’; (apesar das monoculturas produzirem as quantidades esperadas ou suficientes, segundo a ONU News, mais de 820 milhões de pessoas são atingidas pela fome no mundo).

Para a autora de monoculturas da mente, “a biodiversidade não poderá ser conservada enquanto a diversidade não se transformar na lógica da produção. Se a produção continuar se baseando na lógica da uniformidade e da homogeneização, a uniformidade vai continuar tomando o lugar da diversidade”.

Assim, ela sugere que a monocultura da mente é uma forma atual de colonização, uma vez que o imaginário das pessoas se torna singular, não permitindo que haja espaço para a pluralidade e descartando caminhos que levem ao conhecimento da natureza.

A natureza, por sua vez, tende a se autossustentar e manter equilíbrio, já que o Planeta é um sistema fechado. Portanto, a sustentabilidade e a diversidade estão ecologicamente ligadas, visto que a diversidade provê as múltiplas interações com as quais esse sistema se reequilibra.

E no modo de pensar monocultural, tal diversidade se perde e, consequentemente, perde-se a sustentabilidade. Logo, o impacto ecológico é tremendo. Há quem diga até que estamos em meio a 6ª extinção em massa.

Tais rearranjos planetários estão ‘inaugurando’ um novo tempo geológico, o Antropoceno, que ainda não é o assunto da vez, mas logo logo será. Para finalizar o assunto (Bio)Diversidade, deixo a indicação de leitura de uma entrevista da Vandana Shiva que, caso te interesse, você acessa clicando aqui.

🙂

Qual a função da Natureza?

As sociedades humanas subsistem a partir da natureza. É a natureza que oferece todos os ‘serviços ecossistêmicos’ dos quais a vida, como um todo, depende. Como não sou da área de biológicas, não vou me aprofundar muito no assunto; meu objetivo é refletir sobre o ‘serviço’ prestado, visto que na natureza o equilíbrio, além de perfeito, é necessário para a manutenção da vida como a conhecemos.

Os Serviços Ecossistêmicos são ‘serviços que a natureza nos oferece gratuitamente‘, como o ar que respiramos, a água que bebemos, cozinhamos, entre tantos outros que nem imaginamos. Abrangem as esferas econômica, política e ecológica e podem ser de:

ProvisãoProdutos providos pela natureza, como alimentos, matérias primas, água, madeiras, entre outros.
RegulaçãoComo por exemplo, os reguladores das condições naturais do Planeta: temperatura, quantidade de gás carbônico na atmosfera, as florestas são exemplos didáticos de serviços de regulação.
CulturalRecreação, ecoturismo, paisagismo, descansar deitada na grama em um parque urbano…
SuporteSão os ciclos naturais como o do nitrogênio, gás carbônico, produção de oxigênio, formação dos habitats, dentre outros.

Fonte: Embrapa

No entanto, para que a natureza produza tais ‘serviços’ é necessário que exista Biodiversidade, pois, trata-se, na realidade, dos resultados dos ciclos naturais que existem desde que o Planeta é Planeta Terra e abriga a Vida. Um serviço ecossistêmico, que está na base da teia da vida, é ofertado pelas abelhas que são responsáveis pela polinização de ecossistemas agrícolas e naturais.

A polinização é uma etapa fundamental do processo reprodutivo das plantas que, por sua vez, constituem os produtores primários nos ecossistemas terrestres e são as responsáveis diretas por muitos dos serviços prestados pelos ecossistemas. Como, por exemplo, o sequestro de carbono, a prevenção da erosão dos solos, a fixação de nitrogênio, a manutenção dos lençóis freáticos, a absorção de gases de efeito estufa e ainda são fornecedoras de alimentos e habitat para a maioria das formas de vida aquática e terrestre.

Entretanto, o modo de vida da civilização contemporânea suprime a biodiversidade do Planeta, acarretando consequências desastrosas para a humanidade. As queimadas na Floresta Amazônica e Pantanal são exemplos de como o nosso modo de produção atual é insustentável e incompatível com a vida saudável dos ecossistemas.

Visto que, as florestas também são responsáveis por serviços ecossistêmicos, como captura de gás carbônico, refrigeração natural, geração de água – isso mesmo! A água, apesar de parecer infinita e ‘brotar’ naturalmente, é gerada pela natureza a partir do ciclo da água e a preservação das florestas é essencial para que isso aconteça.

Infelizmente, o mundo onde a gente está só entende informações quando envolvem lucro, dinheiro, trocas baseadas em serviços. Como se as coisas só tivessem valor quando valem algo monetariamente. Assim, saiba que os serviços ecossistêmicos também valem monetariamente, além de ser toda a base de nossa vida.

Segundo a Agência FAPESP, o valor dos serviços ecossistêmicos que a Floresta Amazônica realiza equivale a US$ 14 trilhões. O preço da tonelada de CO2 no mercado internacional está em torno de US$ 100 (dados de 2018, segundo a mesma fonte) e a Amazônia absorve uma quantidade gigantesca desse gás e isso vale muito.

E ainda, os serviços ecossistêmicos da polinização das abelhas correspondem a cerca de 10% do PIB agrícola, representando a incrível cifra superior a U$ 200 bilhões/ ano, no mundo, segundo o artigo da Revista Eletrônica Científica da UERGS.

Ou seja, os serviços ecossistêmicos não são, exatamente, gratuitos, são, isso sim, DESVALORIZADOS. Num mundo onde tudo vira títulos no mercado financeiro, a essência da vida se perde, sendo considerada apenas um serviço secundário com o qual se pode lucrar.

Para finalizar, um pouco da minha fonte de paz natural que eu tanto amo!!! E se você quiser saber um pouco mais sobre (Bio)Diversidade, não deixe de ler o próximo post! 🙂

#PazNatural

*A Lei nº 14.119/2021, institui a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PNPSA), ou seja, por Serviços Ecossistêmicos!!!

*Atualização em 15/02/2021