Ler é resistir. Em qualquer momento histórico.

Desde de muito criança eu gosto de ler. Lembro-me que na casa de meus avós tinha muitas daquelas revistas ‘seleções’ e eu amava ler a parte ‘ossos do ofício’. Acho que porque eu não entendia… até hoje eu gosto de ler sobre coisas que não entendo, porque uma hora, a epifania vem…

Aprendi ler com 6 anos e com 7 anos ganhei meu primeiro livro: Dumbo! O elefantinho que queria voar… Eu tenho ele até hoje, meio rabiscado e marcado pelo tempo, mas inteiro e legível:

Fotos de acervo pessoal

Já no quinto ano, o professor de português indicou uma leitura em aula, Os Lusíadas na versão infanto-juvenil. Como eu amava essas aulas. E também tenho o livro até hoje, em melhores condições…

Fotos de acervo pessoal

Fui aprendendo desde muito cedo que livros são universos…

Quando adolescente, eu lia Agatha Christie e Sidney Sheldon, mas foi o Robin Cook que me ganhou de vez. O primeiro livro dele que li foi ‘Médico ou Semideus’ e foi esse o primeiro livro que me modificou, em alguma medida. Depois li Coma, Cérebro e alguns outros dele.

Até que uma amiga me falou de um livro do Richard Bach, Ilusões. Que livro!!! É um dos meus preferidos até hoje, já li e reli umas 10 vezes, pra mais. Me tira do chão, toda vez que leio.

E a genialidade do Lewis Carroll ao escrever Alice no País das Maravilhas?! Outro livro que já li umas 5 ou 6 vezes e sempre me tira do chão. A parte que eu mais gosto é quando a Alice chora tanto que parece que vai se afogar em lágrimas. Quem nunca chorou tanto e engoliu lágrimas pelo nariz e teve sensação de afogamento???

Incrível! Ler é realmente uma das coisas que mais amo na vida. Amo tanto que com 19 anos, quando pensei em cursar uma faculdade, decidi por filosofia, só porque é um curso que tem que ler. Aí me lascou de vez. Li Platão, Descarte, Nietzsche, Dussel, entre outros pensadores, até então, inimagináveis, e nunca mais fui a mesma. Estava modificada pra sempre.

Fernando Pessoa tem razão, nós somos os livros que lemos. Toda a magia da leitura nos transforma porque livros dão asas. Não é à toa que regimes autoritários, ao longo da história, queimam livros, mudam grade escolar, censuram conteúdos. Uma vez lido, jamais esquecido!

E a Macabéa? Meu Deus! Coitada da Macabéa! É simplesmente impossível passar intocada pela literatura da Lispector. Assim como é impossível sair ilesa das reflexões da Simone de Beauvoir ao questionar a definição da mulher – em si mesma ou para outros? E à Angela Davis quando diz que o feminismo é branco, visto que na senzala não havia homens e mulheres, havia escravos.

Realmente, não é à toa que livros estão sempre na mira de governos autoritários! Livros dão asas e pra quem quer voar são sempre uma alternativa viável! Vira até presente de amigas que sabem do que a gente gosta!

Fotos de acervo pessoal

E sim, me aventurei nas milhares de páginas da saga HP. E também ao drama fatal do Jovem Werther; e toda a magia dos contos do Mia Couto, que se chama na verdade António e é conhecido por Mia por causa de gatos. Vejam só! Livros são portais pelos quais passamos e nunca mais retornamos, “Para idas sem vindas, basta o tempo”.

Se você gosta de ler, siga lendo, senão, tente adquirir o hábito. É uma das melhores coisas da vida!

E para finalizar, um dos meu poemas preferidos do Álvaro de Campos, “Poema Canção sobre a Esperança”:

Dá-me lírios, lírios,
E rosas também.
Mas se não tens lírios
Nem rosas a dar-me,
Tem vontade ao menos
De me dar os lírios
E também as rosas.
Basta-me a vontade,
Que tens, se a tiveres,
De me dar os lírios
E as rosas também,
E terei os lírios –
Os melhores lírios –
E as melhores rosas
Sem receber nada,
A não ser a prenda
Da tua vontade
De me dares lírios
E rosas também.

FIM.

Valorar ou Valorizar?

Depende! De acordo com o dicionário da língua portuguesa, as duas palavras existem, mas têm significados diferentes, apesar de serem semelhantes.

Valorizar tem sentido de aumentar o valor de algo ou de alguém, como quando um produto se valoriza, seu valor é aumentado. Já valorar significa apreciar ou atribuir valor à coisas que podem não ser valorizadas previamente. Ou seja, nem tudo o que é valorado tem uma valorização anterior.

Ambas as palavras tem a mesma raiz: valor. E a gente, quando pensa em valor, associa a preço, geralmente, ou algo de valor, no sentido de ‘caro’. Mas, uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Valor é um tanto abstrato. Pode significar coisas diferentes para cada pessoa; o que tem valor pra você, pode não ter valor pra mim. E vice-versa. Também existem aquelas coisas que todo mundo valoriza e a gente não vê o porquê. E o contrário também. Algo ser super valorado por nós e não significar absolutamente nada pros outros.

Por isso escolhi ‘Valorando Ideias’, para atribuir valores ou, até mesmo, apreciar coisas que nos passam despercebidas. Se você quiser, comente algo que você valora e que pode não ter um valor para os demais.