Quilombo Ivaporunduva

Este post é sobre um trabalho de campo que fiz numa disciplina da UFABC que, com ‘sorte’, peguei com uma professora que trabalha com quilombolas e este post é sobre isso…

A primeira vez que ouvi a palavra quilombola foi pelo infame ex-presidente do Brasil. Na época, eu fiquei super curiosa para saber o que eram quilombos e quilombolas, mas achei que nunca saberia a partir dos meus próprios olhos… aí, veio a Vida e me proporcionou uma experiência maravilhosa, além de esclarecedora.

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De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), ‘as comunidades quilombolas são grupos étnicos – predominantemente constituídos pela população negra rural ou urbana –, que se autodefinem a partir das relações específicas com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias’.

Entretanto, historicamente, quilombos eram os lugares onde negros escravizados se reuniam em resistência ao regime escravocrata ✊

Ao visitar o quilombo, percebe-se que se trata de um modo de ser totalmente diferente do que a gente conhece. A vida se dá a partir de uma relação comunitária, na qual a identidade é comum… é como se a fluidez do mundo líquido não coubesse no sólido contexto do território onde a vida e a sobrevivência se desdobram.

Claro que isso é uma perspectiva de alguém de fora. Quem está lá, provavelmente, tem uma outra percepção de mundo… conforme o esperado.

Mas, de qualquer forma, a experiência de conhecer um quilombo e entender, ainda que limitadamente, a forma como a vida se desdobra é um tanto esclarecedor; porque os valores não são comerciais como a gente valoriza a natureza… são valores fundamentais.

O Rio tem valor em si 🌊 A Terra também 🌳

Apesar de viver num mundo capitalista que prioriza o lucro e o utilitarismo, fazendo da natureza uma commodity que só tem valor se for útil aos interesses do mercado, particularmente, eu acredito nisso também 😅

Me parece que a questão do quilombo é uma outra proposta de vida, baseada em conhecimentos que nós desconhecemos, por completo..

Esses dias, vi um post em uma das redes sociais, que falava sobre como as árvores se comunicam entre si pelas raízes, e me lembrei da palestra que tivemos na plantação de banana…

… o agricultor quilombola estava explicando como ele cuida da plantação e como que a própria planta mostra qual parte deve ser retirada para não matar as outras plantinhas… e eu CHO-CA-DA porque não tava entendendo nada.. como ele sabia tudo aquilo só de ver a planta?? 🤯

Bom, depois do post fui atrás de algum artigo para tentar entender melhor o que ocorre com as plantas. Encontrei um artigo da FAPEMAFundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – e percebi que a ‘nossa ciência’ busca por conhecimentos que os povos tradicionais já sabem!

Quem não sabe sou eu, você e tantos outros de nós… os biólogos, provavelmente, sabem, porque nosso conhecimento se dá compartimentado em caixinhas de forma fragmentada, não holística. A gente asfalta margem de Rio, chama de marginal Pinheiros e luta contra enchentes…

Parabéns para nós!! 👏👏👏

Claro, preciso dizer sou a favor da ciência. Mas, ao fazer da ciência o caminho, a verdade e a vida, fazemos dela um dogma e não-paradigmática, como seu fundamento requer que seja..

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Bom, me encaminhando para o final, reforço que minha percepção é de alguém de fora… apesar disso, quanto mais eu saio das minhas caixinhas, mais eu vejo que o mundo é GRANDE e eu pequena de-mais.

É aquilo que já foi abordado num outro texto: a margem do oceano do desconhecido aumenta à proporção que a minha ilha do conhecimento aumenta… isso, para mim, é viver.

Compreender que a Vida é movimento em várias direções. Não apenas do modo e no ritmo que nós conhecemos..

… porque, o que conhecemos é limitado ao contexto no qual vivemos… e isso cabe a todos, em alguma medida. Por isso considero importante sairmos das nossas caixinhas para olhar o mundo a partir de outros olhares… e o mais importante, respeitar todas as formas de ser. Porque são dignas e completas em si.

Por fim, deixo algumas dicas de leitura, caso você queira dar uma lida. Logo abaixo, seguem algumas fotos do dia que passamos por lá. Até mais e boa reflexão 🤯

O mundo das representações

O mundo das representações é um negócio que, cada vez mais, me encanta.

Fiz um curso introdutório ao sensoriamento remoto e aprendi a processar imagens de satélite. Imagine, até as cores são teorizadas matematicamente.

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A minha velha pedra no sapato, a matemática, tem se tornado encantadora. Acho que porque agora, eu estou vendo um sentido aplicado nela.

Eu não sou da hard science pura. O meu negócio é ciência aplicada mesmo! Enfim…

Compreender o que chamamos de ‘mundo’ a partir de uma outra perspectiva é atrativo para mim. Sempre gostei de pensar sobre o funcionamento das coisas num sentido mais amplo.

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Quando eu li Platão, eu entendi o que ele dizia sobre o mundo das ideias e o mundo sensível… Mas por aqui nós não falamos sobre filosofia, embora seja possível filosofar.

Bom, voltando ao foco do post, aprendi a processar imagens digitais e coloquei três delas no meu portfólio – qualquer inconsistência é de minha inteira responsabilidade.

Saiba mais

Até breve!