Consumimos para quê?

Conforme o tempo vai passando, as coisas vão mudando e nós vamos nos acostumando com as ‘novas coisas’ sem questionar, nem mesmo pensar, sobre as coisas antigas…

Bom, para responder a pergunta consumimos para quê, é necessário definir o que se consome. Ar, em primeiro lugar. Assim que um bebê nasce ele respira por conta própria; depois, água, alimento, roupas e conforme crescemos vamos expandindo nossas necessidades.

Assim, consumimos informação, educação formal, tempo, pessoas, lugares… o ato de consumir é tão arraigado na vida cotidiana que fala-se sobre sociedade de consumo, tendo em vista que consumir se tornou uma ação que vai além de suprir necessidades básicas.

Nesse ponto, é preciso diferenciar consumo de consumismo. Enquanto o consumo é preciso enquanto necessidade básica, como oxigênio, água e alimento, o consumismo é atribuído à sociedade como característica que chega quando o consumo assume papel principal no arranjo social.

Tive a oportunidade de pesquisar sobre consumo e suas abrangências e acabei encontrando alguns estudos muito interessantes sobre o assunto… Eis abaixo alguns tópicos super interessantes:

Consumo e Subjetividade
Consumo baseado no Individualismo como Projeto de Sociedade
Consumo e Felicidade
Consumo e a Identidade no Mundo Líquido
Consumo e o Antropoceno

Como você pode notar, não é nem um pouco fácil responder à questão inicial, consumimos para quê? Uma das coisas que se pode dizer é: o consumo te consome?

Está sempre em falta de algo e tenta preencher essa falta consumindo? Se sim, consumindo o quê?

Se você consome para suprir certa falta, talvez seu consumo seja moldado pelo primeiro tópico da minha pesquisa, consumo e subjetividade. Ou, talvez, você consuma para se sentir feliz, já que o mote publicitário é sempre aquele de que o produto desejado te fará feliz, se comprado…

Algumas coisas não têm preço, para todas as outras existe (aquele cartão de crédito que veio à sua mente 🙃)”

Ou seja, o objeto desejado está no horizonte daquilo em torno do qual gravitam as fantasias das pessoas. O ideal. Se eu tiver isso, eu serei aquilo… Enfim!

O papo é longo e interessantíssimo! Na minha humilde opinião, é claro! Mas se você concordar, me deixe saber nos comentários para eu produzir o texto “O consumo te consome? Parte 3″… E se você nunca leu a parte 1, clique aqui

Tenha uma ótima reflexão e um bom sábado! Tchau!

Ah, e não esquece de compartilhar, tá bom??! 💚

Receita para epidemias e pandemias?

De acordo com alguns especialistas, sim; fabricamos epidemias e pandemias… neste post, pretendo te contar o porquê…

Ao longo da história da humanidade, os seres humanos foram se adaptando ao ambiente e domesticando plantas e animais. Nesse processo, os organismos evoluíram adaptando-se uns aos outros, cada um em seu ‘espaço’ natural: os animais selvagens nas matas e os seres humanos nas ‘áreas urbanas’.

No entanto, ao longo dos anos, os seres humanos foram se deslocando para outras áreas… o final do século XX evidencia esse movimento de expansão da humanidade, visto que foi marcado pela acelerada integração dos sistemas econômicos nacionais à uma dinâmica global.

Tal dinâmica facilitou muitos processos, inclusive, a mobilidade das pessoas e de mercadorias entre países 🌐 antes da metade do século XX não era possível ir para o outro lado do Planeta em algumas horas com apenas um voo…

Entretanto, essa mudança no eixo do mundo trouxe consigo consequências proporcionais.

Quanto mais aumenta a população, mais necessidade de alimentos, saúde, educação, água potável… as oportunidades, em geral, estão nos grandes centros, causando assim adensamento urbano; e tudo isso leva à pressão sobre o meio ambiente em busca de recursos naturais.

E as epidemias/pandemias com tudo isso? Relativamente fácil responder essa pergunta… vem comigo! 🙃

As sociedades contemporâneas optam por produzir de forma pouco sustentável; desde a padronização de culturas de alimentos até a criação de animais de forma industrializada… dois problemas a serem explorados…

Para padronizar as culturas é necessário desmatar grandes áreas. Essas áreas desmatadas são, na verdade, morada de animais silvestres que perdem o lar e, assim, os que sobrevivem migram para outros lugares..

Segundo a médica espanhola María Neira, “70% dos últimos surtos epidêmicos que sofremos têm sua origem no desmatamento e nessa ruptura violenta com os ecossistemas e suas espécies”.

Além dela, o pesquisador norte americano Mike Davis publicou, em 2005, seu livro o monstro bate à nossa porta – a ameaça global da gripe aviária, no qual ele relata a possibilidade de uma pandemia causada pela forma de criação de animais para abate.

Na tabela 7.2 de seu livro, ele detalha os surtos de H5 e H7 (nomenclaturas das gripes; exemplo: H1N1; H5Nx; H7Ny…) que ocorreram nos EUA a partir de 1997. Reproduzi a tabela abaixo:

AnoVírusLocal
1997H7N3Utah
1997-98H7N2Pensilvânia
2000H7N2Flórida
2001H7N2Pensilvânia, Maryland, Connecticut
2002H7N2Shenandoah Valley, Nova York, Nova Jersey
2002H5N3Texas
2002H5N2Nova York, Maine, Califórnia
2002H5N8Nova York
2002H5N1Michigan
2003H7N2Connecticut, Rhode Island
2003H7N2Infecção humana em Nova York
2004H5N2Texas
2004H7N2Maryland, Delaware, Nova Jersey
Livro: O monstro bate à nossa porta. Página 117

Parece mentira, né? Mas não é. A seguir algumas reportagens de animais que foram sacrificados em grandes quantidades por serem um risco à saúde pública. A primeira reportagem é de 2005, o mesmo ano que o livro de Davis foi publicado.

Aves sacrificadas; Gripe aviária reaparece nas Filipinas e na Alemanha; Dinamarca abate 25.000 aves de criação após primeiro surto de gripe aviária. Além da gripe suína, que foi considerada a primeira pandemia do século XXI e seu vírus está entre nós até hoje…

Em 2020-21 o mundo conheceu a COVID-19, que também é causada por um vírus de origem zoonótica e não há garantias de que não venham outros vírus por aí… ao contrário, quanto mais adentrarmos os espaços naturais, mais os animais, e a natureza de um modo geral, ficarão sob pressão, caracterizando, inclusive, a perda da biodiversidade…

Me encaminhando para o final, deixo um texto mais acadêmico, caso você queira se arriscar e, detalhe, foi publicado em 2009, mais de uma década atrás… Gripe aviária: a ameaça do século XXI.

Para terminar, deixo para reflexão um trecho do prefácio do livro de Davis:

“As grandes epidemias, como as guerras mundiais e as fomes coletivas, massificam a morte, tornando-a um evento além de nossa compreensão emocional (…) ninguém deplora por uma multidão nem lamenta à beira do túmulo de uma abstração”.

Compartilhe! E até mais 💚

*Nos primeiros 15 dias de janeiro de 2024 foram registrados 472 casos de acidentes com animais venenosos, como escorpiões, aranhas marrom e armadeira, serpentes, entre outros. Para a médica veterinária Gisele Freitas, do Centro de Vigilância Epidemiológica, “Fatores como o aumento da urbanização, desmatamento, turismo ecológico e alterações climáticas podem estar relacionados ao crescimento de casos. O aumento da oferta de detritos alimentares proporciona um ambiente ideal para a proliferação de roedores e baratas, que por sua vez possibilita aumento do número de serpentes, escorpiões e aranhas em convívio mais próximo com o ser humano” (Fonte da informação: Agência Brasil – São Paulo). Leia mais aqui.

*Atualização em 11/02/2024